Quarta-feira, Dezembro 10, 2025

Prefeitura de Joinville anuncia reajuste abaixo da inflação de alimentos e amplia perda salarial

Reajuste de 5,06% não cobre a alta de 7,69% no preço dos alimentos

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A Prefeitura de Joinville anunciou, nesta quinta-feira (13), a correção salarial dos servidores municipais, aplicando um reajuste de 5,06%, equivalente à inflação acumulada pelo IPCA de março de 2024 a fevereiro de 2025. No entanto, o percentual não representa um aumento real, apenas recompõe as perdas inflacionárias do período. Além disso, o reajuste ficou abaixo da inflação dos alimentos, que, segundo o IBGE, atingiu 7,69% em 2024. O resultado prático dessa defasagem é uma redução no poder de compra dos servidores, especialmente no consumo de itens básicos.

O reajuste será pago em parcela única e será incorporado aos vencimentos dos servidores ativos, inativos e pensionistas do Poder Executivo e Legislativo, além do vale-alimentação. No entanto, o aumento no custo dos alimentos supera a reposição salarial, gerando perdas reais para os trabalhadores. Para um economista especialista em mercado de trabalho e políticas públicas, a decisão da Prefeitura não atende às necessidades dos servidores.

Para um economista ouvido pela reportagem, a correção inflacionária não pode ser considerada um reajuste, pois não há ganho real. “Pelo contrário, ao ficar abaixo da inflação de itens essenciais, como os alimentos, os servidores terão um orçamento mais apertado este ano. A inflação oficial não reflete igualmente o impacto no dia a dia, já que o peso do consumo de alimentos é maior para famílias de renda média e baixa”, explica.

Entre os servidores, o sentimento é de frustração. Um funcionário público com mais de 10 anos na administração municipal lamenta a decisão. “A gente já esperava que não houvesse aumento real, mas pelo menos uma correção mais justa. Com o preço da comida subindo mais do que a inflação geral, esse reajuste não cobre o que realmente gastamos no dia a dia. No fim das contas, vamos perder poder de compra.” Outro servidor reforça que a defasagem acumulada ao longo dos anos tem impacto direto no bem-estar dos trabalhadores. “O salário não acompanha o custo de vida. Todo ano ouvimos que teremos ‘reajuste’, mas na prática é só correção da inflação, e às vezes nem isso. Com essa diferença entre o que recebemos e o que gastamos, muita gente precisa cortar despesas básicas.”

Sem ganho real

Para que a correção salarial seja implementada, um projeto de lei será enviado à Câmara de Vereadores, prevendo a aplicação do percentual na folha de pagamento de março. A Prefeitura também alterou a data-base dos servidores de maio para março, garantindo que a revisão salarial ocorra dentro do prazo permitido em anos eleitorais. Entretanto, essa antecipação não trouxe nenhum benefício adicional para os servidores, já que não houve um reajuste acima da inflação.

“Esse discurso de valorização dos servidores não se sustenta quando a gente olha os números. A inflação oficial pode ser 5,06%, mas a dos alimentos foi 7,69%. Quem sente isso são os trabalhadores, que vão ao mercado e percebem que o dinheiro não compra o mesmo que antes”, analisa uma agente administrativa municipal.

O reajuste de 5,06% não é um aumento, apenas uma correção da inflação. Como a inflação dos alimentos foi de 7,69%, os servidores municipais enfrentarão mais dificuldades para equilibrar suas despesas, já que os preços dos produtos básicos estão aumentando mais rápido do que os salários. Apesar de anunciada como uma “valorização”, a medida não garante ganho real e reduz o poder de compra dos servidores, principalmente nos itens de primeira necessidade. Para os trabalhadores, o reajuste abaixo da inflação significa menos comida na mesa e um orçamento cada vez mais apertado.

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